sexta-feira, 8 de março de 2024

1ª A. P. Substitutiva - 7º Ano - 1º tri/ 2024

  1ª A.P. Substitutiva – HISTÓRIA

 
  1) Qual das palavras abaixo completa corretamente a rima acima (1,0/___):

a) uma anarquia; b) uma república; c) uma monarquia; d) uma oligarquia.

2) Escreva duas características do período escolhido por você na questão 1. (1,0/___)

3) Afirmamos que tal Conselho esteve envolvido com o final do período monárquico. Explique porque podemos fazer tal afirmação. (2,0/___)

4) Porque podemos afirmar que a expansão territorial fez aumentar a escravidão em Roma? Justifique sua resposta. (2,0/____)

5) Podemos afirmar que as invasões bárbaras enfraqueceram o império romano? Justifique sua resposta. (2,0/____)

6) Além das invasões bárbaras, que outros fatores aumentaram a crise do império romano? (2,0/___)

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Pompeia: uma aula de arqueologia!

 POMPEIA: UMA AULA DE ARQUEOLOGIA!

Uma cidade marcada por uma tragédia, tragédia essa que possibilitou conhecer melhor como viviam os romanos. Uma cidade que parece ter sido congelada no tempo, e tudo isso em virtude da erupção vulcânica do Monte Vesúvio.

Eis Pompeia.

Antes de entendermos o que efetivamente aconteceu, vamos conhecer Pompeia, entender melhor essa cidade.

1. Pompeia!



Construída aproximadamente 40 metros acima do nível do mar em um planalto costeiro de lava criado por erupções anteriores do Monte Vesúvio, que fica à 8 quilômetros de distância, a cidade, antes costeira, está hoje cerca de 700 metros para o interior. A foz do navegável rio Sarno, adjacente à cidade, era protegida por lagoas e serviu aos primeiros marinheiros gregos e fenícios como porto de refúgio, posteriormente desenvolvido pelos romanos. Portanto, falamos de uma área já povoada antes da formação da Roma Antiga.

A cidade cobria uma área um pouco maior do que meio quilômetro quadrado (ou seja, no início bem pequena. São Caetano do Sul é cerca de 22 vezes maior). A população da cidade era de aproximadamente onze mil pessoas, com base na contagem de domicílios.

Os primeiros assentamentos estáveis no local são do século VIII a.C., quando os oscos, povo que habitava o centro da Itália, fundaram cinco aldeias na região.

Com a chegada dos gregos à Campânia por volta de 740 a.C., Pompeia entrou na órbita do povo helênico. O edifício mais importante deste período é o Templo Dórico (lembrando que os dórios fundaram Esparta e eram bem conhecidos por ser um povo guerreiro), construído longe do centro, no que mais tarde se tornaria o Fórum Triangular. Ao mesmo tempo, o culto de Apolo foi introduzido. Marinheiros gregos e fenícios usaram o local como porto seguro.



No início do século VI a.C, o assentamento se fundiu em uma única comunidade centrada no importante cruzamento entre Cumas, Nola e Stabiae e foi cercada por uma muralha de tufo (a muralha de pappamonte), a primeira muralha. O fato de um muro tão impressionante ter sido construído nesta época indica que o assentamento já era importante e rico. A cidade começou a florescer e o comércio marítimo começou com a construção de um pequeno porto perto da foz do rio. 

Por volta de 524 a.C. os etruscos instalaram-se na região, incluindo Pompeia, encontrando no rio Sarno uma via de comunicação entre o mar e o interior. Façamos aqui uma importante revisão.

Os etruscos foram o povo que dominou a Roma Antiga no final do período monárquico. Dentre as ações etruscas, podemos listar:

- construção de um muro ao redor da cidade de Roma (muro serviano);

- domínio de regiões ao redor da cidade de Roma, criando o que foi chamada de Liga Etrusca das cidades.

- Pompeia fez parte dessa liga. Mas não foi dominada militarmente pelos etruscos, possuindo inclusive certa autonomia.



Escavações entre 1980 e 1981 mostraram a presença de inscrições etruscas e uma necrópole[1] do século VI a.C. 

Sob os etruscos, foi construído um fórum primitivo ou simples praça de mercado, bem como o Templo de Apolo.

Em 474 a.C., a cidade grega de Cumas, aliada a Siracusa, derrotou os etruscos na Batalha de Cumas e ganhou o controle da área (a chamada Batalha de Cumas).

Após essa batalha, e principalmente após 450 a.C., sob liderança dos gregos, houve um crescimento da cidade que viria a ser Pompeia.

Os samnitas (vale lembrar que esse povo também participou da formação da Roma Antiga, sendo considerado um aliado dos romanos), entre 423 e 420 a.C. conquistaram a área, incluindo Pompeia.   Os novos governantes impuseram gradualmente a sua arquitetura e ampliaram a cidade.

De 343 a 341 a.C., nas Guerras Samnitas, o primeiro exército romano entrou na planície da Campânia trazendo consigo os costumes e tradições de Roma, e na Guerra Romana Latina de 340 a.C., os samnitas foram fiéis a Roma. Embora governada pelos samnitas, Pompeia entrou na órbita romana, à qual se manteve fiel mesmo durante a terceira guerra samnita e na guerra contra Pirro. No final do século IV a.C., a cidade começou a expandir-se do seu núcleo para a área de muros abertos. As muralhas da cidade foram reforçadas em pedra Sarno no início do século III a.C (o cerco de calcário, ou a "primeira muralha samnita"), formando a base para as paredes atualmente visíveis.

Após as Guerras Samnitas de 290 a.C., Pompeia foi forçada a aceitar o estatuto de sociedade de Roma, mantendo, no entanto, mantendo a autonomia linguística e administrativa. Portanto, apesar de fazer parte do universo romano, estar diretamente encaixada na política expansionista romana, Pompeia gozava de certa autonomia.

Desde a eclosão da Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.), na qual a invasão de Aníbal ameaçou muitas cidades, Pompeia permaneceu fiel a Roma, ao contrário de muitas cidades do sul. Como resultado, uma parede interna adicional foi construída, bem como outros mecanismos de defesa. Mesmo com a região mergulhada em um quadro de instabilidade e conflitos, Pompeia continuou a florescer devido à produção e comércio de vinho e azeite com lugares como Provença e Espanha, bem como à agricultura intensiva em fazendas ao redor da cidade. E isso confirma o período comercial vivido pela sociedade romana.

No século II a.C., Pompeia enriqueceu ao participar na conquista do Oriente por Roma, como mostra uma estátua de Apolo no Fórum erguida por Lúcio Múmio (imagem abaixo)


em gratidão pelo seu apoio no saque de Corinto e nas campanhas orientais. Essas riquezas permitiram que Pompeia florescesse e se expandisse até seus limites. O Fórum e muitos edifícios públicos e privados de alta qualidade arquitetônica foram construídos, incluindo o Grande Teatro e o Templo de Júpiter.

2. Os últimos séculos de Pompeia

Pompeia foi uma das cidades da Campânia que se rebelou contra Roma nas Guerras Sociais e em 89 a.C. foi sitiada por Sila, que atacou a estrategicamente vulnerável Porta Herculano com sua artilharia, como ainda pode ser visto pelas crateras de impacto de milhares de tiros de balista nas paredes. Muitos edifícios próximos dentro das muralhas também foram destruídos. Embora as tropas endurecidas pela batalha da Liga Social, lideradas por Lúcio Cluêncio, tenham ajudado na resistência aos romanos, Pompeia foi forçada a se render após a conquista de Nola. O resultado foi que a cidade se tornou uma colônia romana chamada Colonia Cornelia Veneria Pompeianorum. Muitos dos veteranos de Sila receberam terras e propriedades dentro e ao redor da cidade, enquanto muitos que se opuseram a Roma foram desapropriados de suas propriedades. Apesar disso, aos pompeianos foi concedida a cidadania romana e rapidamente assimilados pelo mundo romano. A principal língua da cidade tornou-se o latim, e muitas das antigas famílias aristocráticas de Pompeia latinizaram os seus nomes como sinal de assimilação.


Pompeia passava a ser definitivamente romana.

A área ao redor de Pompéia tornou-se muito próspera devido à proximidade da Baía de Nápoles, onde havia uma rica população romana e férteis terras agrícolas. Muitas fazendas e vilas foram construídas nas proximidades, fora da cidade e muitas foram escavadas.

A cidade tornou-se uma importante passagem para mercadorias que chegavam por mar e tinham de ser enviadas para Roma ou para o sul da Itália ao longo da vizinha Via Ápia. Muitos edifícios públicos foram construídos ou remodelados e melhorados sob a nova ordem; dentre os novos edifícios temos o Anfiteatro de Pompéia em 70 a.C., os Banhos do Fórum e o Odeon. Estes edifícios elevaram o estatuto de Pompeia como centro cultural da região, uma vez que superou os seus vizinhos no número de locais de entretenimento, o que melhorou significativamente o desenvolvimento social e econômico da cidade.

Por volta de 20 a.C., Pompeia foi alimentada com água corrente por um esporão do Aqueduto Serino, construído por Marcus Vipsanius Agrippa.

O aqueduto Serino e o anfiteatro de Pompeia.


As crises do final da República romana também estiveram presentes na cidade de Pompeia. E se alastram para o conturbado período imperial.

Tanto que em 59 d.C., houve um grave motim e derramamento de sangue no anfiteatro entre Pompeus e Nucerianos (que está registrado num fresco) e que levou o Senado Romano a enviar a Guarda Pretoriana para restaurar a ordem e proibir novos eventos durante dez anos. Ou seja, durante dez anos nenhum evento poderia ocorrer naquele anfiteatro.

Mas o maior dos problemas enfrentados pelos pompeianos não estava ligado a uma batalha, aos exércitos invasores, ou mesmo às crises crônicas do período imperial.

O maior dos problemas de Pompeia estava no monte Vesúvio.

3. A erupção do Vesúvio

Os habitantes de Pompeia estavam habituados há muito tempo a pequenos terremotos. Tanto que o escritor e jurista Plínio, o Jovem (61 – 113), assim descreveu:

"não eram particularmente alarmantes porque são frequentes na Campânia".

Mas o dia 5 de fevereiro de 62 a.C. mostraria que eles poderiam ser bem alarmantes sim!

Um forte terremoto causou danos consideráveis ao redor da baía, e particularmente em Pompeia. Acredita-se que o terremoto chegou aos 6 graus na escala de magnitude Richter.

Naquele dia, em Pompeia, haveria dois sacrifícios, pois era o aniversário da nomeação de Augusto como Pater Patriae (“Pai da Pátria”) e também uma festa em homenagem aos espíritos guardiões da cidade. O caos seguiu-se ao terremoto; incêndios causados por lamparinas a óleo que caíram durante o terremoto aumentaram o pânico. As cidades vizinhas de Herculano e Nuceria também foram afetadas.

Entre 62 d.C. e a erupção de 79 d.C., a maior parte das reconstruções foi feita no setor privado e os afrescos mais antigos e danificados eram frequentemente cobertos com outros mais novos, por exemplo. No setor público, aproveitou-se a oportunidade para melhorar os edifícios e o plano da cidade, por exemplo no Fórum.

Nesse período, a cidade ainda estava florescendo, em vez de lutar para se recuperar do terremoto.

Por volta de 64, Nero, então imperador romano, e sua esposa, visitaram Pompeia e trouxeram presentes ao templo de Vênus (a divindade padroeira da cidade).

Em 79, Pompeia tinha uma população de 20.000 habitantes, que prosperou devido à renomada fertilidade agrícola e à localização favorável da região. Mas não há certeza quanto a esse número de habitantes.

E foi neste ano que tudo mudou. Dois dias que demonstraram o quão mortal poderia ser o Vesúvio.

A erupção durou cerca de 48 horas. A primeira fase foi de chuva de pedra-pomes com duração de cerca de 18 horas, permitindo a fuga da maioria dos habitantes. Até agora, apenas cerca de 1.150 corpos foram encontrados no local, o que parece confirmar esta teoria, e a maioria dos fugitivos provavelmente conseguiu salvar alguns dos seus pertences mais valiosos; muitos esqueletos foram encontrados com joias, moedas e talheres.

Em algum momento da noite ou no início do dia seguinte, fluxos piroclásticos começaram perto do vulcão, consistindo em nuvens de cinzas densas e abrasadoras de alta velocidade, derrubando total ou parcialmente todas as estruturas em seu caminho, incinerando ou sufocando a população restante e alterando a paisagem, incluindo o litoral. Na noite do segundo dia, a erupção terminou, deixando apenas neblina na atmosfera através da qual o sol brilhava fracamente.


Um estudo multidisciplinar dos produtos e vítimas da erupção, mesclado com simulações numéricas e experimentos, indica que em Pompeia e nas cidades vizinhas o calor foi a principal causa de morte de pessoas, que anteriormente se acreditava terem morrido por asfixia com cinzas. Os resultados do estudo, publicado em 2010, mostram que a exposição a fluxos piroclásticos quentes de pelo menos 250 °C a uma distância de 10 quilômetros da fonte foi suficiente para causar morte instantânea, mesmo que as pessoas estivessem abrigadas dentro de edifícios. As pessoas e edifícios de Pompeia foram cobertos por até doze camadas diferentes de tefra (fragmentos de rochas expelidos pelo vulcão), cobrindo a cidade com uma camada de até 6 metros de profundidade.

Em 2023, estudos demonstraram que alguns edifícios desabaram devido a um ou mais terremotos durante a erupção, matando os ocupantes. 

Corpos petrificados dão ideia do momento da erupção

Plínio, o Jovem, que provavelmente visualizou a erupção a partir de sua posição do outro lado da Baía de Nápoles, em Miseno, escreveu um relato do evento, mas isso cerca de 28 anos após o ocorrido. É o único registro escrito de uma testemunha do que Pompeia viveu naquele ano.

Seu tio, Plínio, o Velho, com quem mantinha um relacionamento próximo, morreu enquanto tentava resgatar vítimas perdidas. Como almirante da frota, Plínio, o Velho, ordenou que os navios da Marinha Imperial estacionados em Miseno cruzassem a baía para auxiliar nas tentativas de evacuação.

Agora, quando ocorreu esse terrível evento, em que dia? Veremos que estudos apontam que não foi em agosto. Mas provavelmente entre outubro e novembro.



4. O dia!

Há muito se pensava que a erupção era um evento de 24 de agosto com base em uma versão da carta, mas outra versão dá uma data da erupção até 23 de novembro. Uma data posterior é consistente com uma inscrição a carvão no local, descoberta em 2018, que inclui a data de 17 de outubro e que deve ter sido escrita recentemente. Um estudo colaborativo em 2022 determinou uma data de 24 a 25 de outubro.

Uma erupção de Outubro/Novembro é claramente apoiada por muitas evidências: o fato de as pessoas enterradas nas cinzas parecerem usar roupas mais pesadas do que as roupas leves de verão típicas de Agosto; as frutas e legumes frescos nas lojas são típicos de Outubro; foram encontradas nozes de castanheiros em Oplontis[2], que não estariam maduras antes de meados de setembro; os potes de fermentação do vinho foram selados, o que teria acontecido por volta do final de outubro; as moedas encontradas na bolsa de uma mulher não poderiam ter sido cunhadas antes da segunda semana de setembro.

5. Depois da erupção

O imperador Tito (9 – 79) nomeou dois ex-cônsules para organizar um esforço de socorro enquanto doava grandes quantias de dinheiro do tesouro imperial para ajudar as vítimas do vulcão. Ele visitou Pompéia uma vez após a erupção e novamente no ano seguinte, mas nenhum trabalho de recuperação foi feito.

Logo após o enterro da cidade, sobreviventes e possivelmente ladrões vieram resgatar objetos de valor, incluindo as estátuas de mármore do Fórum e outros materiais preciosos dos edifícios. Há ampla evidência de distúrbios pós-erupção, incluindo buracos feitos nas paredes. A cidade não foi completamente soterrada e os topos dos edifícios maiores seriam visíveis acima das cinzas, tornando óbvio onde cavar ou recuperar material de construção. Os ladrões deixaram vestígios de sua passagem, como em uma casa onde os arqueólogos modernos encontraram um graffito na parede dizendo "casa escavada".

Ao longo dos séculos seguintes, o seu nome e localização foram esquecidos, embora ainda aparecesse na Tabula Peutingeriana do século IV. Outras erupções, particularmente entre 471 e 512, cobriram os restos mortais mais profundamente. A área ficou conhecida como La Civita (a cidade) devido às características do terreno.

A próxima data conhecida em que qualquer parte foi desenterrada foi em 1592, quando o arquiteto Domenico Fontana, ao cavar um aqueduto subterrâneo para os moinhos da Torre Annunziata, encontrou paredes antigas cobertas de pinturas e inscrições. No entanto, ele manteve a descoberta em segredo.

Em 1689, Francesco Picchetti viu uma inscrição na parede mencionando o decurio Pompeiis ("vereador de Pompéia"), mas associou-a a uma vila de Pompeu. Francesco Bianchini apontou o verdadeiro significado e foi apoiado por Giuseppe Macrini, que em 1693 escavou algumas paredes e escreveu que Pompeia ficava abaixo de La Civita.

A porta Herculano foi redescoberta em 1738 por trabalhadores que escavavam as fundações de um palácio de verão do rei de Nápoles, Carlos de Bourbon. Devido à qualidade espetacular dos achados, o engenheiro militar espanhol Roque Joaquín de Alcubierre fez escavações para encontrar mais vestígios no local de Pompeia em 1748, mesmo que a cidade não tenha sido identificada. Carlos de Bourbon teve grande interesse nas descobertas, mesmo depois de partir para se tornar rei de Espanha, porque a exposição de antiguidades reforçou o prestígio político e cultural de Nápoles. Em 20 de agosto de 1763, uma inscrição [...] Rei Publicae Pompeianorum [...] foi encontrada e a cidade foi identificada como Pompeia. Pompeia renascia!

6. Arqueologia em Pompeia

Karl Weber dirigiu as primeiras escavações científicas.

Houve muito progresso na exploração quando os franceses ocuparam Nápoles em 1799 e governaram a Itália de 1806 a 1815. As terras onde fica Pompeia foram confiscadas e até 700 trabalhadores foram empregados nas escavações. As áreas escavadas no norte e no sul foram conectadas. Partes da Via dell'Abbondanza também foram expostas na direção oeste-leste e, pela primeira vez, foi possível apreciar uma impressão do tamanho e da aparência da antiga cidade. Nos anos seguintes, as escavadeiras enfrentaram a falta de dinheiro. As escavações avançaram lentamente, mas com achados significativos como as casas do Fauno, de Menandro, do Poeta Trágico e do Cirurgião.

Giuseppe Fiorelli encarregou-se das escavações em 1863 e fez maiores progressos. Durante as primeiras escavações do local, foram encontrados vazios ocasionais na camada de cinzas que continham restos humanos. Fiorelli percebeu que se tratava de espaços deixados pelos corpos em decomposição e então desenvolveu a técnica de injetar gesso neles para recriar as formas das vítimas do Vesúvio. Essa técnica ainda é usada hoje, com uma resina transparente agora utilizada no lugar do gesso por ser mais durável e não destruir os ossos, permitindo análises posteriores.


Fiorelli também apresentou documentação científica. Ele dividiu a cidade nas atuais nove áreas (regiones) e quarteirões (insulae) e numerou as entradas de cada casa (domus). Fiorelli também publicou o primeiro periódico com relatórios de escavações. Sob seus sucessores, toda a parte oeste da cidade foi exposta.

Em 1980 houve um grande terremoto na região, o que fez parar novas escavações. Todos os estudos limitaram-se às regiões que já estavam com escavações em curso.

Em dezembro de 2018, arqueólogos descobriram restos de cavalos aproveitados na Vila dos Mistérios.

Em novembro de 2020, os restos mortais de dois homens, considerados um homem rico e seu escravo, foram encontrados em uma camada de cinzas de 2 metros de espessura. Eles pareciam ter escapado da primeira erupção, mas foram mortos por uma segunda explosão no dia seguinte. Um estudo dos ossos mostrou que o mais jovem parecia ter feito trabalho manual e, portanto, era provavelmente um escravo.

Em dezembro de 2020, um termopólio, uma pousada ou lanchonete, foi escavado no Regio V (a quinta região).  Além de afrescos de cores vivas que retratam alguns dos alimentos oferecidos, os arqueólogos encontraram oito dolia (potes de terracota) ainda contendo restos de refeições, incluindo pato, cabra, porco, peixe e caracóis. Eles também encontraram uma tigela de bronze decorada, conhecida como patera, frascos de vinho, ânforas e potes de cerâmica usados para cozinhar ensopados e sopas. Um afresco retrata um cachorro com uma coleira, possivelmente lembrando os clientes de colocarem coleira em seus animais de estimação. O esqueleto completo de um pequeno cão adulto também foi descoberto, medindo apenas cerca de 25 cm.


Em janeiro de 2021, uma grande carruagem cerimonial de quatro rodas bem preservada foi descoberta no pórtico da luxuosa vila em Civita Giuliana, ao norte de Pompeia, onde um estábulo havia sido descoberto anteriormente, em 2018. A carruagem é feita de bronze e painéis de madeira preta e vermelha, com medalhões de prata e bronze gravados na parte traseira. Agora é considerada uma carruagem nupcial elaborada e única, chamada pilentum. Em 2023 foi restaurada para exibição nas Termas de Diocleciano. Nas proximidades, foram encontrados corpos de dois fugitivos usando moldes de gesso e, num estábulo, restos de cavalos, um deles ainda com arreios.

Em 2021, um túmulo excepcional, pintado no século I d.C., de um escravo liberto, Marcus Venerius Secundio, contendo restos humanos mumificados, foi descoberto fora do portão da Porta Sarno. Sua inscrição registra que ele alcançou a custódia do Templo de Vênus e a adesão aos Augustales, sacerdotes do Culto Imperial. Além disso, organizou apresentações gregas e latinas com duração de quatro dias, a primeira evidência de eventos culturais gregos em Pompeia.

Essa é a história de Pompeia, marcada ainda por incertezas e descobertas, por achados extraordinários e inquietantes. Pompeia fala, mesmo depois de ter sido soterrada.

Pilentum

7. Referências

Beard, Mary (2008). Pompeii: The Life of a Roman Town. Profile Books. ISBN 978-1-86197-596-6.

Butterworth, Alex; Laurence, Ray (2005). Pompeii: The Living City. St. Martin's Press. ISBN 978-0-312-35585-2.

Maiuri, Amedeo (1994). "Pompeii". Scientific American.

Sigurðsson, Haraldur (2002). "Mount Vesuvius Before the Disaster". In Jashemski, Wilhelmina Mary Feemster; Meyer, Frederick Gustav (eds.). The Natural History of Pompeii. Cambridge, UK: The Press Syndicate of the University of Cambridge. pp. 29–36.

__, ___; Carey, Steven (2002). "The Eruption of Vesuvius in AD 79". In Jashemski, Wilhelmina Mary Feemster; Meyer, Frederick Gustav (eds.). The Natural History of Pompeii. Cambridge UK: The Press Syndicate of the University of Cambridge. pp. 37–64.

Zanella, E.; Gurioli, L.; Pareschi, M.T.; Lanza, R. (2007). "Influences of Urban Fabric on Pyroclastic Density Currents at Pompeii (Italy): Part II: Temperature of the Deposits and Hazard Implications" (PDF). Journal of Geophysical Research. 112 (112): B05214. Bibcode:2007JGRB..112.5214Zdoi:10.1029/2006JB004775.

 



[1]  Palavra de origem grega que quer dizer cidade dos mortos, ou seja, cemitério. Arqueólogos e historiadores chamam o cemitério de uma cidade antiga de necrópole.

[2] cidade da Campânia, a oeste de Pompeia e junto ao mar.

sábado, 19 de agosto de 2023

Material de estudo - prova do 6º ano - 2º trimestre

 Nas aulas de História, constantemente você ouviu o seu professor falar: “a evolução humana tem quatro pontos fundamentais”:

- a adoção da postura ereta;

- o domínio do fogo;

- o aparecimento da agricultura;

- a invenção da escrita.

1) Um dos pontos (ou etapas) listados acima ocorreu no período Neolítico. Escreva nas linhas abaixo qual seria.

2) Por que o aparecimento da agricultura foi tão importante para a Humanidade? Explique a sua resposta.

CRIANDO UM DEUS EGÍPCIO

Você deverá criar um deus egípcio. Para tanto, primeiramente deverá responder a algumas questões, listadas abaixo.

3) Faça um breve relato sobre a civilização egípcia.

4) Escreva o que era uma civilização politeísta.

5) Explique a importância do rio Nilo para o Egito Antigo.

Agora, vamos à criação.

6) Um desenho poderá ser feito – o ideal é que seja feito -, mas o ponto central é a construção de uma narrativa, trazendo um texto explicando a origem do deus, suas características, seus poderes e com animal estava associado.

Leia o texto abaixo, analise a figurinha e responda as questões 7, 8 e 9

"O deus Sol era entendido em quatro fases: a primeira ao nascer do sol, recebendo o nome de Khepri (ou Kopri); a segunda ao meio-dia, sendo contemplado como um pássaro ou um barco a navegar; a terceira ao pôr do sol, visto como um homem velho que descia à terra dos mortos; na quarta fase, durante a noite, era visto como um barco que navegava ao leste preparando-se para o dia seguinte, onde tinha de lutar ou fugir de Apep (de acordo com alguns teóricos, denominado também como Apópis), a grande serpente do mundo inferior que tentava devorá-lo."[1]

7) Afinal, de qual deus egípcio o texto está tratando:

a) Zeus; b) Afrodite; c) Anúbis; d) Rá

8) Escreva duas informações sobre esse deus

9) Agora escreva o nome de mais dois deuses do Egito Antigo! Lembre-se que esse assunto foi tema do seu mitoálbum!

10) Sobre a Mesopotâmia é correto afirmar:

a) não era uma civilização politeísta; b) era uma civilização politeísta; c) Zeus era um deus mesopotâmico; d) nenhuma das anteriores.

11) Escreva o nome de um deus mesopotâmico

"Conta o mito que ele nasceu em função de um desrespeito de seu pai ao deus dos mares, Poseidon. O rei Minos, antes de tornar-se rei de Creta, havia feito um pedido ao deus para que ele se tornasse o rei. Poseidon aceita o pedido, porém pede em troca que Minos sacrificasse, em sua homenagem, um lindo touro branco que sairia do mar. Ao receber o animal, o rei ficou tão impressionado com sua beleza que resolveu sacrificar um outro touro em seu lugar, esperando que o deus não percebesse. 

Muito bravo com a atitude do rei, Poseidon resolve castigar o mortal. Faz com que a esposa de Minos, Pasífae, se apaixonasse pelo touro. Isso não só aconteceu como também ela acabou ficando grávida do animal."[2]

12) O mito que vocês acabaram de ler se trata do:

a) mito do aluno que não faz lição; b) mito da mula sem cabeça; c) mito de Poseidon; d) mito do Minotauro.

13) Qual seria o aspecto do animal que nasceu do relacionamento de Pasífae com o touro branco? Escolha uma das imagens abaixo! Não vale rasurar! 


Agora, responda a ÚLTIMA pergunta

Vimos que os mitos eram criados com algum objetivo, guardavam alguma lição!

14) Qual era a lição que os gregos aprenderam com o mito que eu contei? Faça um breve resumo. 



[1] http://www.infoescola.com/civilizacao-egipcia/ra/ - acesso em 19/10/16

[2] http://www.suapesquisa.com/musicacultura/minotauro.htm - acesso em 19/10/16

Material de estudo - prova do 7º ano - 2º trimestre

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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

O ALFABETO FENÍCIO

 

O ALFABETO FENÍCIO

Professor Pedro Henrique Maloso Ramos

Nas aulas de História desse ano você está tendo oportunidade de descobrir como a escrita se desenvolveu e chegou até nós. Pois bem, é sabido que os fenícios tiveram um papel de destaque nesse processo.

Conciliando Leitura com História, vamos conhecer de maneira um pouco mais detalhada o desenvolvimento do alfabeto fenício.  

A primeira coisa curiosa é que podemos chamar o alfabeto fenício de CONSONANTÁRIO. Isso porque o mesmo só possuía consoantes. Mas, mesmo assim, esse primeiro alfabeto foi fundamental para o surgimento dos alfabetos futuros. Seus primeiros registros datam de 1200 a.C.

O alfabeto fenício, mesmo não contando com vogais, associava a cada símbolo um som. Ou seja, algo parecido com o que fazemos. Assim, quando lemos a letra “Z” conseguimos emitir um som. Associar um som ao símbolo.

Foram os gregos antigos que fizeram uso do alfabeto fenício e desenvolveram as vogais.

Abaixo, mapa mostrando a localização da Fenícia e suas rotas comerciais.


Agora, iremos conhecer o alfabeto fenício. E ele é cheio de pictogramas. Quer um exemplo?

A primeira letra, “aleph”, significa boi. Basta você girar 90º à esquerda o pictograma que representa a letra e verá surgir uma cabeça de boi! Faça em seu caderno!



quarta-feira, 28 de junho de 2023

A caixa de Pandora!

Texto-base

Mitologia grega: a caixa de Pandora

Professor Pedro Henrique Maloso Ramos

É mais do que sabido que História e Leitura caminham de mãos juntas. E aqui segue mais um exemplo. Vamos falar hoje, melhor, vamos ler hoje sobre a Caixa de Pandora, um objeto extraordinário, parte da mitologia grega.  

Bem, a primeira coisa que irá causar certa frustração é que... Não era bem uma caixa, mas sim um jarro. Portanto, o mais correto seria O Jarro de Pandora (mas eu concordo que caixa fica melhor). Obviamente que esse jarro (iremos chamar de caixa mesmo) está ligado ao mito de Pandora, a primeira mulher criada por Hefesto, deus do fogo e dos metais, a pedido de Zeus. Sobre Zeus... Dê uma olhada em seu álbum de figurinhas e verá a importância desse camarada.

E aqui a gente já para e faz uma segunda observação. Os mitos gregos possuem versões diferentes pra uma mesma história, um mesmo deus. E isso é super normal e tem explicações.  A maioria dos mitos só ganhou versões escritas séculos depois de terem sido criados. Antes, a história passava oralmente de pessoa para a pessoa. E quem conta um conto, no caso um mito, aumenta um ponto. Daí já viu.

No caso do mito da caixa de pandora esse começou a ser difundido por meio da obra "Os Trabalhos e os Dias", de Hesíodo (poeta e historiador do século VIII a.C.) e de forma oral. Demorou alguns séculos para que essa obra ganhasse sua forma escrita. E é essa a versão que utilizaremos para contar o mito.

 Mural com Pandora segurando o jarro.

Em resumo (não ficaremos só no resumo), o mito em si explica a criação da mulher, suas qualidades e suas fraquezas, bem como todos os males existentes no mundo. Vale lembrar que isso era muito comum nas personagens mitológicas da Grécia Antiga. Deuses, heróis e tantas figuras mitológicas dessa civilização possuíam qualidades e defeitos.

A história da caixa traz uma reflexão bastante séria sobre a desobediência e a curiosidade humanas, e o mal que isso pode causar, prejudicando o ser humano. Logo você entenderá os porquês.

Dentro da caixa os deuses teriam colocado todas as desgraças do mundo: guerras, discórdia, doenças que afligiam as pessoas tanto na alma quanto no corpo (juro que eu ouvi alguém pensando “deve ter colocado a semana de provas oficiais também...”), Mas calma, havia algo bom, bacana, fofinho na caixa: a esperança.

Na versão que trata Pandora como criação de Hefesto, a mando de Zeus, essa moça teria sido criada como forma de se vingar da humanidade (sim, Zeus era extremamente vingativo) após o titã Prometeu ter dado aos homens o segredo do fogo. Vale lembrar que Prometeu havia roubado o segredo do fogo de Zeus. E, pra piorar, resolveu entregar para os humanos. Isso fez com que nos colocássemos superiores aos animais.

De início Pandora foi enviada à Terra para casar-se com Epimeteu, o irmão de Prometeu. E com ela veio a caixa com as seguintes recomendações:

JAMAIS ABRE ISSO, EM HIPÓTESE ALGUMA! CONTENHA VOSSA CURIOSIDADE, CASO CONTRÁRIO SURGIRÃO TANTOS MALES ATÉ ENTÃO DESCONHECIDOS PELA HUMANIDADE! SERÁ MAIS DO QUE TERRÍVEL.

Pandora atende, mas antes de descer para a Terra, visando dar uma aliviada no negócio, joga lá no meio da confusão a esperança.

O tempo passa, a curiosidade de Pandora aumenta, e ela... Não agüenta! Resolve dar uma espiadela, dessas bem rapidinhas. Espia, os males escapam, e achando que estava tudo bem, fecha rapidamente a caixa, deixando lá dentro só a esperança. Que azar! Daí que vem a origem dos males do mundo.

Uma curiosidade é que o mito de Pandora possui similaridade com um mito japonês, o mito de Urashima Taro, um pescador que salvou uma tartaruga. Essa tartaruga na verdade não era bem uma tartaruga, mas sim a filha do senhor dos mares. Bem, obviamente que Urashima foi recompensado, sendo levado ao reino aquático, onde teve do bom e do melhor. Mas... Cansou dessa vida e queria voltar para casa.

Havia recebido uma caixa com a recomendação de só abri-la quando estivesse bem velho e perto da morte. Ele, no entanto, não resiste, abre a caixa pra ver se lá dentro haveria algo que o ajudaria a voltar para o Japão. Ao voltar para sua aldeia descobriu que já se passaram três séculos. Ninguém que conhecia estava vivo. Ficou arrasado. E descobriu que na caixa estavam seus centenários anos. Mais uma vez, ao abrir a caixa, um mal foi solto: a solidão.

Bacana é que uma companhia aérea brasileira, que não mais existe, resolveu contar o mito de Urashima de um jeito mais divertido. Na época, virou sucesso. Chame o pai, a mãe, o avô... Garanto que alguém já ouviu esse jingle da Varig.




segunda-feira, 26 de junho de 2023

Egito Antigo

 

TEXTO-BASE!

Professor Pedro Henrique Maloso Ramos

Olá

Nas aulas de História você está tendo a oportunidade de conhecer melhor como ocorreu o processo de formação do primeiro império da humanidade: o Egito Antigo.


E esse é realmente um tema muito, muito interessante. Primeiro porque explica como uma civilização fantástica desenvolveu-se nas áreas do maior deserto do mundo, o deserto do Saara. Segundo que aprendemos também coisas sobre o 2º maior rio do planeta, o rio Nilo (que possui uma extensão de 6650 km. Vale lembrar que o rio Amazonas, o maior rio, possui 6992 km).

E é justamente com a imagem do Nilo que começamos nosso texto sobre o Egito Antigo. Dê uma olhada nesse mapa. O Nilo começa no centro-sul africano, percorrendo milhares de quilômetros até desaguar no mar Mediterrâneo. O legal dessa jornada do Nilo é que ele transforma áreas desérticas em oásis de vida, com vales e margens férteis. E foi isso que os egípcios, e tantos outros povos africanos, souberam aproveitar.

OS REINOS QUE COMPUSERAM O EGITO ANTIGO

Nas últimas aulas pude apresentar reinos que iniciaram a formação do Egito Antigo. Esses reinos, cada um com características diferentes, fizeram com que o Egito ficasse conhecido como a civilização do Nilo e o primeiro império da humanidade.

Representação mitológica da unificação dos reinos que formaram o Egito Antigo.

Vamos começar nosso passeio pelo reino mais ao norte, na região onde o rio Nilo deságua no mar Mediterrâneo.

BAIXO EGITO

Essa região era conhecida pelos egípcios como Ta-Mehu, a “terra do papiro”. Isso porque as margens do Nilo, em especial nas planícies e no delta do rio, apresentam elevada quantidade de papiro, uma planta adaptada à vida em ambientes alagados.

Baixo Egito também porque a região apresenta menor altitude se comparada com outros reinos que trataremos nesse texto.

Olha o papiro aí. Sim, a palavra papel está diretamente associada à planta. Afinal, os egípcios usavam o papiro seco e aberto para escrever.

Não há dúvidas de que a região do Baixo Egito já estava sendo ocupada por povos agricultores desde começo do período Neolítico.

Logo na formação desse reino, a principal cidade era Mênfis, havendo especial atenção também para Buto, chamada de “Colina dos Faraós”.

A região apresentava, justamente pela proximidade com o Mar Mediterrâneo, intensa e rica vida comercial, com contatos diretos com os fenícios, por exemplo. O clima também era mais favorável do que o presente no Alto Egito, por exemplo. Havia chuvas mais abundantes. Mas, é importante destacar, o rio, durante o período de cheias (entre junho e setembro) tornava-se desafiador, ainda mais na região do seu delta. Por isso, desde o início, os povos do Baixo Egito precisaram desenvolver obras para controlar a força do rio.

Uma curiosidade é que os antigos egípcios chamam o Nilo de itéru, que significava "grande rio"

Agora, iremos tratar do reino que conquistou o Baixo Antigo. Ao lado, um mapa com as divisões que estamos abordando.

ALTO EGITO

Ainda não abordaremos como ocorreu esse domínio do Alto Egito sobre o Baixo Egito. Mas, se você prestou atenção nas aulas, e nos desenhos que o professor Pedro fez na lousa, percebeu que Núbia e Alto Egito meio que se misturam. Já iremos explicar melhor isso

O Alto Egito é a faixa de terra presente em ambos os lados do Vale do rio Nilo, ocupando uma área grandiosa, tanto que alguns livros adotam uma terceira divisão, o Médio Egito, na porção norte do Alto Egito. Se o Baixo Egito era a “terra do papiro”, o Alto Egito ficou conhecido como “Ta Shemau”, a terra de juncos”. Juncos são outras plantas, também adaptadas a vida nas margens dos rios.

Juncos, muito comuns em brejos e alagados.

No início da sua História o Alto Egito foi dividido em nomos. Nomos eram pequenas partes do território egípcio, administrado cada um deles por um monarca. Foi então que, logo no início da sua História, em 3200 a.C., um governante do Alto Egito, Menés, iniciou o controle dos nomos que existiam tanto nesse reino quanto no Baixo Egito, dando início ao Império Egípcio. Ao todo, Menés teria dominado 42 nomos, sendo 20 só nas terras do Alto Egito.  

Mas há mais coisas do Alto Egito que veremos agora. A divindade patrona era a deusa abutre Necbete, e Tebas era o centro do Alto Egito. Havia como símbolos também a coroa branca e a flor de lótus.

Já no Baixo Egito os símbolos eram a coroa vermelha, a abelha e o papiro. A deusa cobra Uto era a divindade patronal do Baixo Egito.  

Chegou a hora de falar da Núbia!

Núbia

Começo afirmando que o desenvolvimento dessa região esteve profundamente ligado ao Alto Egito.  E as relações entre a Núbia e o Alto Egito é que fizeram com que essa área ficasse conhecida pela existência de reinos extraordinários!

De início podemos afirmar que os territórios da Núbia eram povoados desde 7000 a.C, em especial por criadores de ovelhas e bois. Em 4000 a.C. essa região deu início ao Reino de Cuxe, que existiu entre 3000 a.C. e 400 d.C.

Mas o nosso foco será em um período do Reino de Cuxe, em 2000 a.C. É aqui que as relações com o Egito Antigo tornaram-se incríveis.

Em uma publicação de fevereiro de 2008, a National Geographic Brasil trazia em sua capa a seguinte matéria: FARAÓS NEGROS. Afirmo que esses faraós tiveram sua origem nas terras da Núbia, na África subsaariana. Isso porque foram os povos nilóticos negros os habitantes das regiões da Núbia. E, durante vários momentos de sua História, os reinos existentes na Núbia fizeram parte do Império Egípcio, a ponto de existirem faraós de origem núbia.

Vamos a um exemplo. Em 2000 a.C. o reino de Cuxe, através de seus governantes, adotou a cultura egípcia. E essa união durou mais de 1300 anos, só se encerrando quando os assírios separam o Egito da Núbia, por volta do século VI a.C. Isso ajuda a explicar o porquê da relação intensa entre Núbia e Egito Antigo!

 
 Pirâmides egípcias presentes na Núbia.