sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Arquimedes de Siracusa – 2ª Parte

Arquimedes de Siracusa – 2ª Parte[1]
Nesse segundo texto, (para ler o primeiro acesse: http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/01/arquimedes-de-siracusa-1-parte.html) sobre o genial Arquimedes, vamos tratar de outras invenções e descobertas do pensador grego, bem como conhecer a civilização onde Arquimedes viveu.
Apesar de nascer em Siracusa, a vida de Arquimedes, pelo menos durante o seu período de formação acadêmica, ocorreu em Alexandria, na região do delta do rio Nilo. Foi lá que o grego se dedicou à matemática, em especial a geometria. Seu brilhantismo logo apareceu, com a publicação de diversos trabalhos científicos.
A Grécia, onde viveu Arquimedes, era uma civilização que já havia passado por uma série de mudanças, a maioria fruto das batalhas entre as cidades-Estado gregas, ou entre os gregos e povos invasores. Sendo assim, Arquimedes viveu o que é definido pelos historiadores como o último período da Grécia Antiga, o período Helenístico (séculos IV – II a.C.). O período ficou conhecido pela decadência das poleis e o domínio da Macedônia e, posteriormente, de Roma sobre os gregos.
O período Helenístico
No período, a influência macedônica sobre a Grécia Antiga foi enorme. A Macedônia era uma região ao norte da Grécia Antiga e, até o século IV a.C., esteve isolada comercialmente, baseando suas atividades na pecuária e na agricultura.
Porém foi com o rei macedônico Filipe II que a situação mudou. Em 359 a.C. Filipe II iniciou a expansão macedônica em direção à Grécia, e, após alguns conflitos, o rei macedônico conquistou a região (incluindo as cidades-Estado de Atenas, Esparta e Tebas). Com a conquista de toda a área grega, Filipe organizou as cidades-Estado sob sua direção, através da Liga de Corinto, buscando com isso impedir o avanço persa sobre a região.
Filipe II foi assassinado em 336 a.C. e em seu lugar assumiu Alexandre, o Grande, seu filho. Alexandre praticou uma política de expansão, o que fez com que derrotasse os persas, partindo para a conquista de várias regiões, entre elas o Egito e a Fenícia. É válido lembrar que Alexandria fica no Egito, sendo fundada por Alexandre, o Grande. Daí, a origem do nome. Alexandre formou, em pouco tempo, um gigantesco império e promoveu alianças com a nobreza persa, buscando adotar algumas técnicas e elementos culturais das civilizações que estabelecia contato ou dominava. Estabeleceu uma forte monarquia baseada no direito divino, baseando-se na ideia de que o imperador havia sido escolhido por Deus, e que, portanto, era insubstituível.
Na cidade de Alexandria existia uma fabuloso conjunto arquitetônico, formado por um grandioso farol, pela maior biblioteca do mundo antigo, a biblioteca de Alexandria, e pelas catacumbas de Kom el Shoqafa. A cidade foi a capital do Egito. Imagem recriando o que seria o farol de Alexandria. A biblioteca se situaria na base do farol[2].  

 Com a morte de Alexandre, em 323 a.C., o império macedônico passou por disputas internas (vários generais queriam assumir o controle) o que fez com que a Macedônia se enfraquecesse e caísse sob domínio romano. A vida de Arquimedes esteve diretamente associada aos seguintes acontecimentos: a chegada dos romanos e a consequentemente dominação de alguns dos territórios, que outrora pertenciam aos macedônicos.
Arquimedes, suas invenções e a invasão romana
Ao retornar para Alexandria, Arquimedes já era conhecido pela sua capacidade em solucionar problemas e pelo cabedal de descobertas que havia feito. Sendo assim, o retorno à cidade natal foi marcado por estudos nas áreas da Geometria e da Mecânica, passando a fazer descobertas impressionantes.
Outro “causo”, dessa vez contado por Plutarco (45 – 120), historiador, biógrafo e ensaísta romano, foi de que Arquimedes assegurou à Hierão II, o mesmo rei que havia pedido para Arquimedes solucionar o problema com a coroa, que, se lhe fosse dado um apoio, conseguiria mover objetos extremamente pesados. O rei, convencido da capacidade de Arquimedes, o incentivou a demonstrar a sua ideia. Através de um complexo sistema de roldanas, o pensador grego conseguiu levantar um navio com três mastros, sendo que o mesmo estava totalmente carregado.
Agora, se você acha que as invenções de Arquimedes se limitaram somente a isso, ledo engano. “Dos seus trabalhos matemáticos destaca-se a medida do círculo, no qual considerou a medida  de pi = 3 e 1/7  que obteve através da circunscrição e inscrição de um círculo com polígonos regulares de 96 lados. 
Provou vários resultados geométricos entre os quais que o volume da esfera é dois terços do volume do cilindro circunscrito (Ve = 2/3 Vc). Considerou esta como a sua mais importante realização pelo que mandou gravar no seu túmulo a representação de um cilindro circunscrevendo uma esfera.

Desenvolveu a mecânica, tendo inventado máquinas para a defesa de Siracusa como por exemplo os sistemas de roldanas, a catapulta (com base na alavanca) e o espelho de queimar (espelhos parabólicos de bronze que concentravam os raios solares)”[3].
E foram justamente essas invenções militares que permitiram que a cidade natal de Arquimedes lutasse contra os invasores romanos. Foram três anos de resistência ao domínio romano, algo conseguido graças aos inventos do genial Arquimedes. No entanto, o general e cônsul da república romana, Marco Cláudio Marcelo (268 – 208 a.C.) logrou êxito, conquistando Siracusa entre 214 e 212 a.C.
A morte de Arquimedes ocorreu em 212, estando diretamente envolvida com a invasão romana à Siracusa. E, para variar, existem diversas versões sobre o que teria ocorrido. Há quem narre o fato de que um soldado romano havia interpelado Arquimedes para que o mesmo se levantasse, mas entretido em um problema matemático, Arquimedes o ignorou. Acabou sendo morto. Plutarco narrou a morte de Arquimedes. Fiquemos com sua descrição.
Representação do momento que antecedeu a morte de Arquimedes[4]

"Tomadas também estas, na mesma manhã marchou Marcelo para os Hexápilos[5], dando-lhe parabéns todos os chefes que estavam às suas ordens; mas dele mesmo se diz que ao ver e registrar do alto a grandeza e beleza de semelhante cidade, derramou muitas lágrimas, compadecendo-se do que iria acontecer... os soldados que haviam pedido se lhes concedesse o direito ao saque... e que fosse incendiada e destruída. Em nada disso consentiu Marcelo e, só por força e com repugnância, condescendeu em que se aproveitassem dos bens e dos escravos... mandando expressamente que não se desse morte, nem se fizesse violência, nem se escravizasse nenhum dos siracusanos... Mas, o que principalmente afligiu a Marcelo foi o que ocorreu com Arquimedes: encontrava-se este, casualmente, entregue ao exame de certa figura matemática e, fixo nela seu espírito e sua vista, não percebeu a invasão dos romanos, nem a conquista da cidade. Apresentou-se-lhe repentinamente um soldado, dando-lhe ordem de que o acompanhasse à casa de Marcelo; ele, porém, não quis ir antes de resolver o problema e chegar até a demonstração; com o que, irritado, o soldado desembainhou a espada e matou-o... Marcelo o sentiu muito e ordenou ao soldado assassino que se retirasse de sua presença como abominável, e mandando buscar os parentes do sábio, tratou-os com o maior apreço e distinção"[6].
As obras de Arquimedes
Pouco do que Arquimedes escreveu e postulou foi efetivamente preservado. Tanto que muito do que se tem de informação sobre os escritos do pensador está presente em obras de outros pensadores gregos, que não raras vezes, o citam.
Escritas em grego dórico, o dialeto de Siracusa, as obras revelam um investigador contumaz. “Durante sua vida, Arquimedes tornou seu trabalho conhecido através de correspondências mantidas com matemáticos de Alexandria. Os escritos de Arquimedes foram coletados pelo arquiteto bizantino  Isidoro de Mileto (c. 530 d.C.), ao passo que, comentários escritos no século VI d.C., por Eutócio, a respeito dos trabalhos de Arquimedes, ajudaram a difundir seu trabalho a um público mais amplo. O trabalho de Arquimedes foi traduzido para o árabe por Thãbit ibn Qurra (836 –901 d.C.), e para o latim, por Gerardo de Cremona (c. 1114–1187 d.C.). Durante o  Renascimento, em 1544, o Editio Princeps (Primeira Edição) foi publicado na Basileia,  por Johann Herwagen, com as obras de Arquimedes em grego e latim. Por volta do ano 1586, Galileu Galilei inventou uma balança hidrostática para a pesagem de metais no ar e na água, aparentemente inspirado no trabalho de Arquimedes”[7].
“Dê-me um ponto de apoio, e moverei o mundo” [8].





[1] RAMOS, Pedro Henrique Maloso
[2] Imagem extraída do sítio http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandria#mediaviewer/File:PHAROS2006.jpg
[3] http://netbiografias.blogspot.com.br/2013/01/arquimedes.html
[4] Imagem extraída do sítio http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20012/Severo/arquimedes.html
[5] De Hexápole dórica, se tratava da federação de cidades-Estado gregas no sudoeste da Ásia Menor, fundada pelas colônias dóricas. Os dórios foram um dos povos formadores da Grécia Antiga.
[6] http://www.somatematica.com.br/biograf/arquimedes.php
[8]Imagem extraída do sítio http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquimedes#mediaviewer/File:Archimedes_lever_(Small).jpg

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